Cirurgia intra-renal retrógrada (RIRS)
O que é a Cirurgia Intrarrenal Retrógrada (Retrograde Intra Renal Surgery - RIRS)?
A Cirurgia Intrarrenal Retrógrada (RIRS), também chamada de ureterorrenoscopia flexível, é um procedimento minimamente invasivo para remover cálculos dos rins. Durante a cirurgia, um tipo de tubo de visualização chamado ureterorrenoscópio é inserido através da uretra, até ao rim afectado. Como o aparelho é flexível, pode dobrar-se facilmente dentro do sistema renal para alcançar as várias cavidades no interior do rim.
Como é que a RIRS é realizada?
Durante a RIRS, o ureterorrenoscópio é inserido a partir do exterior através da uretra, por onde passa até à bexiga, ureter e interior do rim, até alcançar os cálculos. Depois, uma fibra laser muito fina é passada através do aparelho, que fragmenta os cálculos em partículas extremamente finas, tornando mais fácil a eliminação com a urina ou com a irrigação do aparelho.
A RIRS é dolorosa?
A RIRS é realizada sob anestesia geral, o que significa que o paciente não sentirá dor durante o procedimento. Além disso, a natureza minimamente invasiva da RIRS tende a resultar em menos dor e um tempo de recuperação mais curto após o procedimento, em comparação com cirurgias mais invasivas.
Quem é um candidato ideal para a RIRS?
A RIRS é recomendada para pacientes com cálculos renais que são demasiado grandes para serem eliminados naturalmente, mas não tão grandes a ponto de exigirem cirurgias mais invasivas. Assim, o tamanho ideal será entre os 10 e os 20 mm. Também é uma opção para aqueles que desejam evitar cirurgias mais invasivas para remoção de cálculos.
Qual é o período de recuperação após a RIRS?
Geralmente, o período de internamento após a RIRS é de cerca de 24 horas. Depois desse tempo, sairá do hospital, sendo recomendado evitar esforços durante 1 semana. No entanto, durante este período poderá retomar a sua actividade profissional, desde que esta não exiga muitos esforços. Os doentes devem beber bastante líquidos para manter uma elevada produção de urina.
A RIRS é segura?
A RIRS é um procedimento seguro quando realizado por um urologista uma equipa experiente, com o material e condições adequadas. Como qualquer cirurgia, não é isenta de riscos, mas estes são raros, devendo ser-lhe explicados pelo seu urologista.
Quais são os fatores de risco / complicações da RIRS?
As complicações da RIRS são raras e ocorrem numa pequena percentagem de casos. Algumas complicações incluem febre, dor na região lombar, infecção urinária, presença temporária de sangue na urina (hematúria), retenção urinária aguda, entre outros.
Quais são os benefícios da RIRS?
A RIRS oferece diversos benefícios face a outras cirurgias de litíase renal, incluindo recuperação mais rápida, menor tempo de internamento, menos desconforto pós-operatório e menor risco de complicações.
A RIRS é dolorosa?
Os doente não sentem dor durante a RIRS, pois é realizada sob anestesia geral. Após a cirurgia, os doentes podem sentir um pouco de dor abdominal inferior e desconforto, que diminuem em 18 a 36 horas. Apesar disso, a maioria das pessoas tolera bem a RIRS e recuperam rapidamente.
Quais são as diferenças entre a ureterorrenoscopia semi-rígida (UR) e a RIRS?
A UR é principalmente para cálculos do ureter. Se o cálculo estiver no rim, é necessária a utilização de um aparelho flexível (que se utiliza na RIRS) para chegar aos diversos cálices no interior do rim.
Quanto tempo dura uma cirurgia de RIRS?
A cirurgia de RIRS geralmente leva de 45 a 60 minutos, a menos que seja um caso mais complexo, podendo levar de 90 a 120 minutos.
Grandes cálculos renais podem ser removidos por RIRS?
Não é possível remover grandes cálculos dos rins com a RIRS. Se o tamanho do cálculo for superior a 2-3 cm, é preferível utilizar outro procedimento, como a nefrolitomia percutânea.
Durante quanto tempo após a cirurgia de RIRS aparece sangue na urina?
É normal ter uma pequena quantidade de sangue na urina durante até 7 dias após a cirurgia de RIRS. Quando é colocado um duplo J (stent) no final do procedimento, pode haver espisódios frequentes de pequenas perdas de sangue. Nesse casos, deve reforçar a hidratação e fazer repouso. Em caso de hemorragia intensa, nomeadamente com emissão de coágulos, o doente deve relatar imediatamente ao médico.
A que problemas devo estar atento(a)?
Na fase final da cirurgia, é frequente ter que se colocar provisoriamente um stent/ cateter uretérico (duplo J) no ureter (entre o rim e a bexiga), por forma a facilitar a cicatrização pós-operatória. A presença deste cateter pode ocasionalmente provocar algum desconforto no baixo ventre e vontade de urinar com mais frequência. Estes são habitualmente sintomas ligeiros, que resolvem completamente após a remoção do cateter (cerca de 2-3 semanas após a cirurgia). Também a presença de algum sangue ou de pequenos fragmentos de cálculos na urina é perfeitamente normal.
Contudo, deverá contactar o seu médico no caso de ter dor lombar forte ou febre nas semanas após a cirurgia, o que pode sugerir a ocorrência de alguma complicação.
O que acontece se a cirurgia de RIRS não funcionar?
Em alguns casos, devido a questões técnicas, a cirurgia de RIRS pode não funcionar numa primeira tentativa. Isso pode acontecer, por exemplo, se o ureter for demasiado estreito para deixar passar o ureterorrenoscópio, se os cálculos forem muito numerosos ou volumosos ou se os cálculos forem inacessíveis. Nessas situações, o doente poderá efectuar uma RIRS em etapas: aqui, numa primeira cirurgia, é inserido um duplo J (stent) no ureter, e após aguardar 3-4 semanas, durante as quais o ureter se vai dilatando progressivamente, é realizada uma nova cirurgia, em que o ureterorrenoscópio já poderá progredir com maior facilidade. Nalguns casos de insucesso, também poderá estar indicado alterar de modalidade de tratamento, para litotrícia extracorpórea, nefrolitotomia percutânea ou outra técnica.
Como é o seguimento após a cirurgia?
Após a cirurgia, será-lhe marcada uma consulta, bem como a remoção do cateter uretérico de duplo J, caso tal esteja indicado. Nesta consulta, o seu médico vai elaborar um plano de prevenção e vigilância personalizado, para que o risco de aparecimento de novos cálculos urinários seja reduzido.